O repouso no leito, no passado, era frequentemente
prescrito, pois acreditava-se que era benéfico para a estabilização clínica do
paciente crítico.
No entanto, atualmente, sabe-se que a imobilidade pode influenciar na recuperação de doenças críticas, devido às alterações sistêmicas associadas a ela, como doença tromboembólica, atelectasias, úlceras de pressão, contraturas, alteração das fibras musculares de contração lenta para contração rápida, atrofia e fraqueza muscular e esquelética; além disso, pode afetar os barorreceptores, que contribuem para a hipotensão postural e taquicardia.
Desde a década de 1940, os efeitos nocivos do repouso no leito e os benefícios da mobilização precoce têm sido reconhecidos em pacientes hospitalizados.
Os primeiros estudos sobre a utilização dos exercícios terapêuticos datam da Grécia e Roma antiga, porém, foi a partir da I Guerra Mundial que, devido ao grande número de casos de lesões, mutilação, alterações físicas de vários tipos e graus, houve uma expansão no campo de atuação da Cinesioterapia, aumentando a utilização deste recurso para reabilitação destes pacientes, favorecendo o crescimento da fisioterapia, em especial, da Cinesioterapia.
A mobilização precoce tem como objetivo manter a amplitude de
movimento articular, prevenir ou minimizar grandes retrações musculares e
manter ou aumentar a força muscular e a função física do paciente reduzindo
assim as complicações inerentes a imobilidade, sendo consideradas como elemento
fundamental na maioria das condutas de assistência da Fisioterapia em pacientes
internados.
Vários são os fatores benéficos associados à mobilização precoce,
como melhorar o transporte de oxigênio, redução dos efeitos do imobilismo e do
repouso. A mobilização precoce também diminui a incidência de tromboembolismo e
de trombose venosa profunda (TVP) e permite uma melhor oxigenação e nutrição
dos órgãos internos.
A Cinesioterapia precoce, que tem sido apontada como segura e
viável, podendo ser efetuada de maneira passiva ou ativa de acordo com a
interação do paciente, estabilidade hemodinâmica, nível de suporte
ventilatório, fração inspirada de oxigênio (FiO2) e resposta do paciente ao
tratamento.
As atividades que podem ser desenvolvidas na mobilização precoce
incluem atividades terapêuticas progressivas, tais como exercícios de mobilidade
no leito, sentado na beira do leito, em ortostase, transferência para uma
poltrona, minibike e deambulação.
Os exercícios passivos, ativo-assistidos e resistidos visam manter a
movimentação da articulação, o comprimento do tecido muscular, da força e da
função muscular e diminuir o risco de tromboembolismo.
Ressalta-se, por sua vez que o Fisioterapeuta é o profissional
responsável pela implantação do plano de mobilização, prescrição de exercícios
e pela progressão deste plano em conjunto com a equipe. A mobilização precoce
inclui atividades cinesioterapêuticas progressivas, tais como, mobilização
passiva, alongamento muscular e treinamento de força muscular, porém, o
incremento prematuro de atividades como sedestação à beira leito, ortostatismo
passivo ou ativo, transferências e deambulação, culminam na base para a
recuperação funcional do paciente.
Conclusão
A mobilização dos pacientes críticos restritos ao leito, associada a
um posicionamento preventivo de contraturas musculares e de perda da amplitude
de movimento articular, pode ser considerada um mecanismo de reabilitação
precoce com importantes efeitos acerca das várias etapas do transporte de
oxigênio, da manutenção da força muscular e da mobilidade articular, melhora da
função pulmonar e o desempenho do sistema respiratório. Tudo isso poderá
facilitar o desmame da Ventilação Mecânica, reduzir o tempo de permanência na UTI e, consequentemente,
a permanência hospitalar, além de promover melhora na qualidade de vida após a
alta hospitalar.
Fonte: Fisiocenter, Hospital Meridional S.A.
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